Esperei e ansiei por ti mais do que tudo na vida. Primeiro
os longos meses. Depois os dias. As horas. Os minutos.
Quando chegou o dia de te conhecer aconteceu tudo como num
filme. Dia 28 de Abril de 2014. Eu e o teu pai unidos como nunca. Mãos dadas. A
medo, mas prontos para te receber. Revejo os passos todos, em câmara lenta.
Fechei os olhos. Fiz força, tanta força. Pensava em ti. Pensava em tudo o que
queria fazer contigo quando te visse pela primeira vez. Só queria que corresse
tudo bem, que a minha primeira missão fosse cumprida. Trazer-te ao mundo. Nunca
mais ias ser tão meu, pensava. Ias ser do mundo onde te ia colocar naquele dia.
Carreguei-te em mim 39 semanas e 3 dias, dentro de mim, e ia trazer-te para
fora de mim para te conhecer o rosto, o cheiro. A mão do teu Pai sempre na
minha. As palavras que queria ouvir. Os sorrisos. As lágrimas.
Esperei mais. Os minutos que parecem horas. Ouvia-te ali tão
perto já fora de mim. Nunca senti um vazio tão grande. Toquei na minha barriga,
recordo esse toque como se fosse hoje. Vazia de ti. Só te ouvia chorar ao longe
e o meu coração nunca bateu tanto, tão rápido.
A imagem mais nítida que guardo é o teu pai contigo ao colo.
Quase 40 semanas a imaginar aquele dia, a sonhar com o teu rosto e foi tudo tão
diferente, tão espontâneo, tão difícil ao mesmo tempo. O teu pai estava ali. De
pé. A sorrir e a chorar. E tu. Tu tão pequeno. Tão indefeso. De repente vi-vos
e achei que o meu mundo era outro. Tão diferente. Aconteceu tudo tão rápido.
Somos três. Tentei repetir várias vezes o número para que entrasse em mim. Eu
era mais Mãe. Ele era mais Pai. E tu o nosso Filho.
O teu Pai deitou-te no meu peito. Alguém diz na sala de
partos que era o cenário mais bonito do mundo. O nosso filho era todo ele
lágrimas dos dois. E eu tinha tantas dores. Tanto cansaço e só queria sentir-me
melhor para viver contigo aquele momento. Pensava naqueles textos de mães que
dizem que o momento é perfeito. E sentia culpa. Porque não era o momento
perfeito. Cansaço. Dores. Só queria sentir-me bem para ti. E nesse momento quis
voltar atrás, quis voltar a meter-te dentro de mim. Quis esperar mais.
Guardar-te em segurança. Ter-te mais para mim, esperar para estar pronta.
Fomos para o quarto e mamaste pela primeira vez. E veio o
primeiro cliché de muitos que se seguiriam. Era bom ter-te ali tão perto de mim.
Alimentar-te. De repente era como se fosses só meu novamente. Depois vieram ver-te,
entraram e eu vi mais lágrimas e sorrisos, percebi o quanto todos te amavam já.
E senti um aperto. O amor que eu achava ser só meu era de tantos. Tanta sorte
que tu tens. Tanto amor para ti. De tanta gente. Todos te querem tanto.
Nessa primeira noite via o teu Pai pegar-te, tão leve, tão
feliz, tão rápido e sentia inveja, porque me sentia presa à cama com dores. E
eu queria mais. Queria pegar-te e rodopiar pelo quarto contigo. Cantar-te uma
música. Abraçar-te até me doerem os braços. Queria dizer-te tudo o que me ia na
alma. Queria saltar de alegria. Correr pelos corredores e dizer que eras meu.
Mas não podia. Só queria dormir, mas nunca mais dormi até hoje.
Chorei.
E chorei muitas vezes nos dias seguintes. Fomos para casa. A
nossa casa. Aquele quarto era teu. A tua cama. Estavas ali. E era tudo tão
estranho. Era amor, tanto amor. Mas amor que faz doer. Um amor para o qual eu
não estava preparada. Amor é felicidade mas este amor é outro amor. É um amor
que dói. Que nos faz pensar o mundo inteiro de uma só vez. Sempre que olhava para ti a dormir no meu
colo sentia um aperto. Como poderia proteger-te de tudo? Nunca pensei que seria
possível querer mais a alguém do que tudo o que conhecia até ao momento. Mas
foi. Contigo foi. E foi amor e dor e medo e culpa e cansaço e confusão.
Todos os dias foram melhores e essa a parte mágica de sermos
pais. Os dias passam e sentimos cada vez mais amor. Mais felicidade. O parto
vai-se desvanecendo. Aparecem só as coisas boas. Os momentos bons. O amor
avassalador.
1 ano. 1 ano de ti. 1 ano como Mãe. 1 ano de Pai. 1 ano a
três que mais parece uma vida. A nossa vida sem ti de repente fica ofuscada.
Olho para as fotos e parecem há uma eternidade e ao mesmo tempo parecem ontem.
És tu. Tu baralhas os dias, roubas o tempo, a nossa vida decorre por ti. Em ti.
E não queremos nunca mais que seja de outra forma.
Foi o ano mais incrível. A maior das aventuras da vida é
esta. Só pode ser esta. Nunca chorei tanto. Não sabia que podíamos chorar de
amor. Chorar porque te ris pela primeira vez. A tua gargalhada é o som mais
incrível. É o som que cura tudo. Que me cura a alma. Que me sossega. Podia
passar o dia a olhar-te enquanto te ris. Ver-te brincar, explorar o mundo.
Conhecer-te todos os dias mais. Mais da tua personalidade. Dos teus medos. És o
nosso maior desafio. A nossa prova maior de amor. És o que nos move dia após
dia. Ensinas-nos tanto, todos os dias. Aprendo contigo mais do que numa vida
inteira que ficou para trás. Sou Mãe. Mas mais importante, sou a tua Mãe. Tua.
E é para mim que estendes os braços. Todos os dias despertas novos sentimentos
em mim e tens um poder que me assusta, como não me deixar enfeitiçar por ti? Tu
disseste “mamã” pela primeira vez e eu caí, em queda livre, tem tanto de
assustador como de bom.
Obrigada por este ano. Por me fazeres uma pessoa tão melhor.
Por despertares o melhor de mim, por me fazeres ir buscar os meus melhores
instintos. Todos os dias és mais independente. Dás um passo em frente que nos
faz tão felizes e que me deixa um aperto maior. Saíste de mim. Deixaste de te
alimentar através do meu corpo. Soltas-me a mão para agarrares o mundo. E quero
e não quero.
Todos os dias adormeces de mãos dadas connosco. E eu só
queria que fosse sempre assim. Porque a minha mão estará para sempre dada com a
tua. És a extensão de nós os dois filho. És a minha vida. Parte de mim. O meu
mundo.
Parabéns meu amor. Meu Pico. Meu babyGui.
Da Mãe.
7 comments:
Parabéns ao Guilherme e aos papás * Beijinhos
Andreia, que bonito :)
Eu detestava que me dissessem: "quando fores mãe, vais ver!". Mas a verdade é mesmo essa: só quando somos mães é que conseguimos entender certas coisas e certos sentimentos. E sim! é uma amor que não cabe no nosso coração, é uma amor maior que tudo.
Feliz aniversário para o Gui e beijinhos para os três.
Lindo texto!
Impossível não verter uma lágrima ao lê-lo.
Um beijinho de Parabéns aos 3.
Mónica P.
Texto lindo, fiquei emocionada ao ler as tuas palavras. Muitos parabéns ao Gui e aos papás.
Que texto tão bonito. Adoro este cantinho!
Felicidades!
Beijinho
Parabéns Gui, Parabéns mamã e Parabéns papá! O melhor ano da vossa vida acabou de passar e sabem que mais?! Ainda muito estará para vir: mais felicidades e mais desse amor sem fronteiras <3
Desejo-vos tudo de bom!
Parabéns muitas vezes, pelas palavras que são lindas e emocionantes... e pelo bebé! Que crescido :)
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