Wednesday, November 23, 2011

Breakfast



todos os dias acordo bem disposta. faço-te sorrisos. faço-te canções. faço-te piadas das quais nunca te ris. ocupo o vazio com palavras porque não suporto o silêncio entre duas pessoas. duas pessoas não podem não ter nada para dizer uma à outra.
quase todos os dias acordo bem disposta.há dias em que o silêncio sou eu e isso incomoda-te. não sabes lidar com ele. desconforta-te. perturba-te. mesmo passados estes anos todos.
custa-me compreender que duas pessoas possam começar a virar costas sem palavras. dormir sem insónias. custa-me entender que se aprenda a viver com o silêncio ou com a indiferença. custa-me perceber que um dia corras o mundo por uma birra minha e no outro encolhas os ombros e reclames em voz baixa.
eu tenho sempre muito para te dizer e é por isso que não sabes como reagir quando não tenho palavras para ti. nunca sei o que tens para me dizer. nunca sei se passaríamos horas calados a encontrar pequenas frases sem nexo para quebrar o gelo.
para ti a rotina é o mais importante. há pessoas que têm que fazer o mesmo, diariamente, para se sentirem vivos. para sentirem que de alguma forma, controlam a sua existência. torna-os mais vivos, mais independentes. nunca foges à rotina, aos horários, à vida regrada e controlada, sem pressas ou desaforos.
não vou nunca perceber o silêncio nem o controlo.
fazes-me o pequeno-almoço, afinal está na rotina.
eu faço-te a vontade e entro nela. calada.
a diferença está na forma como te sentes vivo e em como me sinto morta.

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