Sunday, June 29, 2008

Colecção de desvarios




Já estou esgotada de tanto te ouvir, às vezes penso que me canso de tudo, que tudo para mim fica desinteressante passado algum tempo. Se calhar é por isso que nunca gosto de nada verdadeiramente, nunca me interesso por nada. Bem...não é bem assim, pois não? Diz-me que não. Talvez não. Eu quero ter um desses interesses que toda a gente tem. Quero ter uma colecção, qualquer coisa....canetas, porta-chaves, palhas usadas, posters, livros, cds, pastilhas gorila, moedas, clips, sei lá...qualquer coisa. É horrível quando nos limitamos a "qualquer coisa". Não gosto de ser assim. Não gosto de não ter um desses interesses que toda, mas toda a gente tem. "Olá, eu sou a Andreia e não me interesso por nada em especial". Fica mal. Soa mal.
Estás a falar e eu desligo e vagueio por estes pensamentos sem nexo. Nunca consigo concentrar-me muito tempo em alguma coisa. Há tanto para ver. Tanto que eu não conheço. Tanto que eu queria ser. E tu amor, o que queres ser? Se calhar nunca vou saber o que sou enquanto não souber o que quero ser. Com aquela certeza. Dizer "quero ser astronauta" e tornar-me nisso mesmo, sem mais nem menos. Eu também não sei o que quero ser.
Há dias que tens mesmo muita paciência para mim. Ouves-me horas a fio. Aturas os meus desvarios, as minhas dúvidas, os meus berros. Tens mesmo muita paciência para mim.
Fico a ver-te virar-me as costas e ir embora desanimado. E eu fico sempre a pensar noutra coisa. Estou sempre a pensar em alguma coisa sem sentido. Será que toda a gente pensa nas mesmas coisas que eu? Eu sei que tu não pensas. Ou então não me dizes. Ficas calado. Abraças-me. Não sei porque o fazes, será que tens medo? Será que te assusta não pensar no mesmo que eu?
O amor assusta. Já sei que cara fazes quando te digo isto. Tens medo de mim? Do que eu possa pensar? Do que eu possa fazer? Até eu tenho medo, faço sempre o que me passa pela cabeça naquele instante. Isso é mau. Não gosto de ser assim.
Tenho demasiada vontade de ser uma outra pessoa. De experimentar viver como penso. Podemos ser exactamente duas pessoas ao mesmo tempo não é incrível? Podemos ser uma fachada, um corpo vazio, um fato que a nossa mente veste todos os dias para ganhar espaço, para se poder mover. Sou duas pessoas. Não sou nenhuma das duas. Não sou.
Quando te viras para o outro lado e dormes eu fico com inveja. Eu nunca durmo. Não sou ninguém. Não posso dormir então, não posso fazer o que toda a gente faz.
Fico assim ocupada a viver no pensamento, a pensar nestas coisas sem sentido
.



Só te quero ao meu lado. Sempre. Mesmo que não penses como eu. 

Descobri que és o Eu que me faltava. És a outra parte de mim.

Como sabemos isso?

É assim e pronto, olhamos e percebemos que é aquela pessoa. Mais nada.

1 comment:

Joana. said...

Não podia concordar mais contigo ;)
Beijinho*